domingo, 7 de novembro de 2010

PORTO ALEGRE RESPIRA LITERATURA

A capital gaúcha está vivendo a euforia literária desde o início do mês e este astral se estende até 15 de novembro. Trata-se da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, realizada anualmente na Praça da Alfândega e no Cais do Porto, nas margens do Lago Guaíba. São neste ano 155 expositores em diversas áreas, incluindo os setores internacional e infantil; e a Câmara do Livro do RGS pretende registrar a presença de mais de 1,6 milhão de visitantes e a venda de mais de 400 mil exemplares. Esta é considerada a maior feira do livro a céu aberto das Américas, e por lá estão passando grandes nomes da literatura nacional.

Durante a programação estão previstas mais de 700 sessões de autógrafos de autores do Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil, palestras, shows, bate-papos com escritores, oficinas literárias, entrevistas, saraus poéticos, debates literários, exposições, filmes e outras atividades culturais. Tudo ocorrendo nas tendas instaladas na Praça da Alfândega e no Cais do Porto, e nos prédios antigos e restaurados do Centro Histórico de Porto Alegre.

A Feira acontece até o dia 15 de novembro, o feriadão do dia da Répública, que neste ano cai numa segunda-feira.

Encontro com Moacyr Scliar na Feira do Livro de Porto Alegre


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Poetas Vladimir Santos e Affonso Romano de Sant´Anna.


LETRAS DE OUTUBRO

O mês de outubro de 2010 foi marcado por muitas letras, encontros literários, contatos com poetas e escritores diversos, em Porto Alegre, Rosário do Sul e Bento Gonçalves. Vivemos muita literatura entre os dias 8 e 11 na 29ª Feira do Livro de Rosário, ocorrida no parque de exposições Ananias Vasconcellos, durante a Expofeira e a Fenacitrus. Fui Orador desta feira e minha amiga poetisa Ezi Assumpção foi a Patronesse. Lancei na abertura meu novo livro de contos, Outras Vidas, e vendi uns 40 por lá. Grande público na minha cidade natal nesta feira que reuniu produção rural, industrial, comercial e literária.
No dia 11 de outubro, até dia 17, vivemos uma maratona poética com centenas de pessoas envolvidas na 4ª edição do PORTO POESIA, um verdadeiro festival de poética, realizado no Centro Cultural Érico Veríssimo-CEEE, na Rua da Praia. Oficinas poéticas até com crianças. Palestras sobre os temas que envolvem a poesia e saraus com poetas famosos e anônimos. Entre os mais conhecidos que passaram pelas salas da CEEE citamos o consagrado poeta Affonso Romano de Sant´Anna. Também levou sua alegria e sua poesia o famoso poeta e cronista Luiz Coronel, o poeta das crianças Mário Pirata, o regionalista e universal Alcy Cheuiche e outros nomes consagrados da poesia do RGS.
Entre os dias 25 e 29 de outubro a festa da poesia se transferiu para a cidade serrana de Bento Gonçalves, com a realização da 18ª edição do Congresso Nacional de Poesia. Dezenas de poetas do RS, SC, PR, SP, RJ, nordeste, norte, Brasília, Chile, Uruguai e outros lugares participaram deste evento que tem como objetivo principal levar poesia para as escolas da cidade e região através de saraus e coletâneas, palestras e shows. Também aconteceram atividades utilizando a poesia como terapia no presídio, no asilo e hospital. Os bares receberam poetas de todos cantos do país, com suas roupas diferentes e a alegria de viver e cantar a vida em versos diversos. Destaque para as poetas dançarinas do Amapá e os grupos teatrais do Rio de Janeiro. O escritor Airton Ortiz, e outros, palestraram aos alunos e poetas, falando da arte literária e o bem que faz para a humanidade. Foram lançadas 4 coletâneas e vários livros solos, quando os poetas puderam interagir e confraternizar.
Já no dia 29, começou a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Neste 1º dia foi lançado na PUC o livro sobre a vida e obra de Luiz de Miranda. Autoria do professor Eduardo Jablonski. Depois dos autógrafos fomos jantar na Cidade Baixa com amigos e o poeta Luiz, "Senhor das Palavras".
Autografei na Praça da Alfândega 3 livros no dia 31, dia da eleição vitoriosa de Dilma e do PT. Às 15:30 hs autografei como editor o livro Antologia Poética de Oliveira Silveira, em homenagem a este amigo que morreu ano passado mas deixou excelente e reconhecida obra. Às 18:30 hs autografei meu livro de contos Outras Vidas, e às 19:30 hs autografei como editor o livro Coleção de Trovas e Canções de Romeu Andreazza.
Realmente o mês de outubro foi bastante interessante. Neste início de feira de PoA participei de uma palestra com o poeta Fabrício Carpinejar e entreguei meu novo livro para os escritores Moacyr Scliar e Jerônimo Jardim, nos dias 30 e 31. Hoje recebi e-mails destes 2 nomes consagrados de nossas letras e melodias, salientando positivamente meu trabalho.
Agradeço a Deus por estas oportunidades e peço a Ele que me dê cada vez mais energia e inspiração para fazer literatura que todos compreendam. Literatura que deixe sempre alguma mensagem boa para os leitores.
Na próxima crônica escreverei mais sobre a Feira do Livro de Porto Alegre.
Fui.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

GALO DE CHAPÉU

Noites de festas gaudérias. Peões e prendas desfilam pilchados com suas roupas tradicionalistas. Os galpões de eucalípto decorados com a temática farroupilha. Os gaúchos comemoram o feito dos antepassados que se rebelaram contra o Império e fundaram a primeira república brasileira nos idos do século 19. Homens comuns viraram heróis e hoje são nomes de cidades, ruas e praças por todo o estado. A guerra marcou época e até hoje é festejada como um ato de bravura e que teve além de milhares de mortes um final satisfatório para os dois lados envolvidos. No final tudo ficou Brasil. Soldados foram promovidos e receberam terras. Os anos e décadas e séculos passaram e aqui estamos, comemorando a Revolução Farroupilha. 175 anos depois.
Em Porto Alegre, a capital, onde começou a Revolta dos Farrapos, está montado um parque temático, o Acampamento, com centenas de piquetes de tradição gaúcha, onde ocorrem diariamente bailes, jantares e festas com milhares de pessoas. Muito churrasco, chimarrão e cerveja e vinho e canha. Gaiteiros e guitarristas e cantores fazem shows. Trovadores fazem seus repentes e desafios. Todos brindam e se divertem. Outros só pensam em namoro.

Visitei vários PTGs e DTGs e CTGs. No PTG Desgarrados do Partenon encontrei galos com chapéus e indumentárias apropriadas com motivo tradicionalista, o que chama a atenção do público no acampamento. Fui recebido, juntamente com o o empresário Antônio Severo, pelo patrão deste PTG, o tradicionalista Reginaldo Casagrande. Acabamos provando o jantar: frango ao molho, com arroz e saladas. Perguntei se a carne era dos galos. Afirmou que não. E era macia mesmo pra ser de galo velho de esporas e cristas longas!
Também o PTG Família e Tradição, que tem como patrão o jovem Éder Ferraz, nos mostrou seus galos e os coelhos expostos no local. Estes não são pra comer, salientou, antes que eu perguntasse quando seria o churrasco de coelhos.

E as semanas seguem com muita gaita e vanera e milonga. Muita gente bonita e outras esquisitas. É a festa do Rio Grande do Sul, aqui na capital e em todo o interior, que só encerra em 20 de setembro com o desfile dos cavalarianos e carroças. Um povo que cultua sua história! Esta é a conclusão.
Façamos um brinde, dancemos, mas não perdemos o foco de que temos sempre que avançar nos conceitos para que tenhamos uma humanidade cada vez mais civilizada e pacífica.
E tudo isso em plena campanha eleitoral.
Viva a democracia! Viva o Rio Grande!!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pulgas na camisa

Jorge e Maira casaram na Igreja. Ele de terno e gravata, ela de véu e grinalda. O pai da noiva pagou a festa. Ela teve 3 namorados antes, mas este foi especial. Foram 4 anos de namoro, paixão e noivado; depois 3 anos de ilusão e exploração. Jorge saía cedo para o trabalho e voltava tarde para casa. Chegava sempre cansado e às vezes embriagado. Ele fazia sexo para saciar sua tesão e marcar presença como maridão. Ela transava para cumprir seu papel de esposa, pois a paixão tinha desaparecido no decorrer dos anos. E assim seguiam a vida e diziam que eram felizes. Tinham até carro. As panelas, eletrodomésticos, móveis, louças, lençóis, toalhas... ainda eram do enxoval. E nas férias iam na praia.
Jorge diminuiu suas sessões sexuais em casa. Estava sem tesão e perdia a paciência com Maira. E ela todos os dias lavava roupas, arrumava e limpava a casa. Fazia comida e esperava Jorge vendo suas novelas na TV de plasma.
Um dia a casa caiu. Jorge arrumou outra. Uma mulher diferente, mais louca na cama, dizia aos amigos no bar. Maira, humilhada, voltou para a casa dos pais. Chorou mas superou o episódio.Voltou a estudar. Foi trabalhar. Conheceu novas pessoas e voltou a amar. Estava vivendo novamente. Nos fins de semana ia ao parque ou viajava para a serra. Estava mais bonita que a puta do Jorge. Mas ela não queria concorrência, tinha nova pessoa em sua vida feliz.
Maira disse aos pais: vou viver com esta pessoa que estou amando! Vou me mudar. E carregou suas malas. Porém prometeu um dia apresentar a nova pessoa. O dia chegou. Maira apresentou Márcia aos familiares. Márcia era meiga, carinhosa, trabalhadora, inteligente... mas o preconceito imperou. Foram meses de assimilação pelos pais e irmãos. Viram que assim Maira era realmente feliz, seu rosto estava brilhante. Maira e Márcia, sem véu e gravata, casaram e pagaram a festa.
Jorge, com a outra, levou um chifre na testa.

Águas de novembro


Quando Igor chegou na cidade só se falava em enchente. O rio subiu 7 metros, já tem 600 pessoas desabrigadas, os barcos a motor dos voluntários navegavam nas ruas do subúrbio invadido pelas águas de novembro, recolhendo gente, roupas e móveis possíveis. A praia sumiu. Os bares da orla ficaram inundados. A população ficava atenta ao movimento do rio, se subia, se baixava, e os políticos carregavam povo em seus carros para os abrigos coletivos instalados nas escolas. Só se falava na enchente. Fotos da enchente. Filmagens da enchente com suas águas sobre as paredes e placas e postes desaparecidos. Nos bancos, na prefeitura, nos bares, nas barbearias, nas casas o assunto era o rio subindo. Crianças das vilas alagadas chorando a perda de seus brinquedos atirados nos pátios e que a água levou. Mulheres lamentavam as perdas de móveis e eletrodomésticos. Ativistas realizando campanhas de arrecadação de alimentos, colchões, roupas, telhas, objetos, através das emissoras de rádios, jornais locais e entidades. Militares do Exército ajudando retirar famílias e móveis. O assunto era a enchente quando Igor entrou na cidade com seu carro preto. Em pleno novembro de 2009. Todas cidades da região alagadas e com milhares de flagelados. As vizinhas cidades da Argentina e do Uruguai também com enchentes. Lavouras inundadas. Gado morrendo afogado. Telhados voando com ventos. Queda de energia. Computadores e máquinas queimando. Raios matando pessoas. Árvores caindo. E chuva caindo, caindo, por dias.
Igor estacionou na praça central. Café Brasil. O velho Café Brasil intacto. Sentou olhando as árvores da praça e o céu chumbo, e pediu um expresso. Com adoçante! Só depois iria ver os prejuizos que a família teve com esta enchente.

A volta de Martins


Martins acordou de um estado de coma de 20 anos. Sua primeira visão foi do teto branco, das roupas brancas, da sua magreza, dos canos e fios enfiados pelo seu corpo. Olhou para o lado e estava uma mulher jovem, bonita, com cabelos amarelos. Era sua filha; ele não sabia naquele momento em que retornava para a vida, para o estado consciente, 20 anos depois de um grave acidente de automóvel.
Os ossos quebrados e a pele cortada voltaram ao normal, mas o cérebro não. Ficou dormente por 20 anos. Martins encontraria um novo mundo ao seu redor. Novas pessoas, novas tecnologias, telefone celular, computador portátil, mas o ser humano ainda lutava contra violências, corrupções, desigualdades sociais e ganâncias.
No primeiro dia foi muita alegria. Familiares e amigos conversaram com Martins. Os médicos pediram calma e retomaram exames e novos tratamentos para ele voltar a caminhar e ter vida normal. O pior tinha passado. Aos poucos Martins recebia informações do mundo ao seu redor. Falou num celular com parentes distantes. Viu a filha manusear o notebook e ter o mundo e todas informações aos seus dedos através da internet. Surpreendeu-se ao saber que o ex-operário sindicalista que tinha sido preso pela ditadura militar agora era o Presidente do Brasil. Mais ainda quando soube que o povo norte-americano elegeu um presidente negro para dirigir os EUA. Muitas novidades chegavam e surpreendiam.
Martins sentiu a ausência dos pais. Tinham morrido. Martins chorou muito. 10 anos depois das mortes por câncer. Sentiu a falta da mulher carinhosa. Esta tinha ido embora e formou uma outra família. Sobrou a filha, com 29 anos, agora "doutora". Sobraram os irmãos... Martins pediu perdão pela sua ausência, pois seu acidente tinha sido uma imprudência.
Martins pediu para ver o mar.

Anônimo


Fernando descia a rua agitada, congestionada de gente que ia e vinha, levando e trazendo suas aflições e angústias, pessoas sérias, pessoas sorridentes, o tempo todo falando nos telefones celulares, sem perceberem os caminhos, seguindo, automaticamente, desviando-se uns dos outros, atrás de algo já programado, a rotina louca da cidade grande na retina de Fernando, caminhando, observando...
"Compro ouro! Compro ouro!" gritava um velho de gravata e de casaco surrado.
"Empréstimo fácil, sem consulta ao Serasa e SPC! desconto em folha de pagamento e outras opções de crédito, vamos pegar, minha gente..." gritava uma mulher distribuindo panfletos.
"Aparelhos dentários, consultas sem compromissos, arrume seus dentes com a gente"... convidava uma jovem sorridente.
E Fernando ali, caminhando, pensando intensamente no dia de amanhã, nas contas a pagar, no que fazer com os filhos crescendo e precisando trabalhar, precisando de renda e ocupação, essa era sua preocupação momentânea enquanto descia a rua da praia, ia dar lá na beira do lago, do braço de mar, de ilhas e ilhas... Fernando era mais uma ilha naquele universo, naquela rua, naquela multidão de anônimos caminhando, com olhos abertos mas fechados, ouvindo o som da cidade, os gritos dos vendedores, os rumores dos carros e ônibus... "Compro ouro" , "Empréstimo fácil"... Fernando não tinha ouro e nem crédito, Fernando só tinha o olhar distante e o caminhar, nem emprego tinha mais, nem aposentadoria... sobrevivia das faxinas da esposa... Não sabia se queria viver mais...
Sentou e chorou na beira do cais.

sábado, 8 de maio de 2010

HISTÓRIA COMUM DE UM VELHO FELIZ

Olhei o prato do velho que atravessava o restaurante e pensei: arroz branco, feijão preto, batata frita, pastel, bifes, peixe frito e apenas alguns pequenos tomates. Tudo isso para o almoço de um velho aparentando 70 anos de idade.
Imaginei toda aquela química diluindo-se no organismo do velho, as gorduras saturadas viajando no sangue, entupindo as veias.
Meu amigo Massa lembrou que toda esta fartura falta para muitas crianças e velhos abandonados pelo sistema econômico. É verdade, concluí, e segui comendo minha salada variada encharcada de azeite de oliva, bebendo meu suco e preparando-me para degustar as frutas do buffet. Eu, com apenas 45 anos, me cuidando com a alimentação.
O velho comeu com satisfação aquela pratarrada e serviu-se novamente, agora acrescentando salada de batata com maionese e almôndegas com molho.
Pediu outra garrafa de guaraná açucarado e depois foi aos doces. Serviu pudim, sagu, torta de bolacha, creme de leite sobre tudo e deliciou-se olhando as imagens dos gols da rodada na televisão pendurada no refeitório.
Arrematou toda aquela comilança com um cafezinho bem açucarado e na saída acendeu um cigarro para pegar a rua e caminhar lentamente
Não preocupava-se com a saúde, não tinha medo da morte, entendia que já tinha vivido muito, criado filhos e netos, viajado a trabalho e a passeio por muitos lugares do Brasil e até do mundo. Esteve no Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos a serviço de uma companhia de transportes de cargas que lhe aposentou aos 65 anos. Dizia aos amigos que estava no saldo da vida, sem mais ilusões.
Voltava para casa, dava uma sesteada até às 16 hs e depois lia jornais e correspondências até às 18h quando ia encontrar gente no boteco da esquina do parque. Ali contavam histórias, escalavam os times, profetizavam quem ganharia o campeonato, olhavam o passar das mulheres e bebiam algo alcoólico para entorpecer a mente até o sono chegar. Sempre beliscando alguns salgadinhos no cair da noite.
Quantos dias foram assim para este e milhares de velhos da nossa velha cidade? Quantos dias seriam assim até a morte inevitável um dia chegar.
Este viúvo vivia assim em sua solidão irreparável. Num pequeno apartamento de 1 dormitório que ele limpava, organizava e passava seus dias. Às vezes era convidado para o churrasco dominical na casa de um filho ou neto que lembrava do velho. Suas manhãs eram de sono, até às 10h quando recomeçava o ritual de viver, banho, escova de dente, café, levar as roupas na lavanderia, escolher o restaurante, esperar o dia de ir no banco receber a aposentadoria, controlar as despesas.
Estava feliz. Confessava-se um vencedor. Nenhuma tragédia familiar. Vida simples e comum. Um orgulho: todos filhos formados em universidades federais e com profissões.
Massa, o meu amigo professor de cavaquinho, disse-me: este cara jogou bola no Internacional nos anos 60. Ou melhor, foi no Grêmio Porto-alegrense onde era zagueiro, e dos melhores!
Ah não! Este cara foi vereador e deputado nos anos 70, se não me engano, remendou Massa, olhando o velho sair do restaurante na Avenida Borges. Massa estava confuso, também, acabara de completar seus 80 anos e ainda gostava de sorver um vinho barato nos botecos.
Vimos o velho algumas vezes ainda naquele bar, com seu prato cheio e sua cara despreocupada com a vida. Um semblante sério de poucos mas sinceros sorrisos. Depois não o vimos mais. Passaram-se meses e até comentei com o Massa: teria morrido, solitário, numa noite ou manhã qualquer? Teria se mudado para um outro bairro ou para uma casa na praia? Estaria num hospital, moribundo com as coronárias entupidas de gorduras? Estaria num asilo com outros velhos? Estaria vivendo com uma mulher em outra cidade?
A pergunta não teve nunca resposta até nossos dias atuais.
Segui comendo meu arroz integral, saladas, legumes e frutas, bebendo meus sucos e chás, porém sem ter certeza que viverei tantos anos como o velho feliz, como o velho Massa vivia, degustando seu vinho e tocando seu cavaquinho.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os poetas Ezi Assumpção, Luiz de Miranda, Vladimir Santos e Eulália Pocmann, no Clube Comercial em Rosário do Sul (2009).

sábado, 2 de janeiro de 2010

VIRADA PRA 2010


MAIS UM ANO QUE ESVAI

A ordem é esta: o tempo não pára! O tempo, o maior capital do ser humano. Dinheiro se ganha, se perde, se recupera. O tempo perdido é perdido, não volta mais. Estamos sempre em contagem regressiva rumo ao fim do nosso tempo de existência. Por isso temos que viver cada dia como se fosse o último. E pensando assim atravesso mais uma virada de ano. Mais um ano que finda, mais um novo ano que nasce, e com ele renasce em nós a esperança de mais felicidade, mais realizações, e para isso nos preparamos. Sempre. Queremos mais dinheiro, mais saúde, mais amor correspondido, mais paz, mais segurança, mais educação... e escrevendo estas palavras me vem à mente que 2010 é ano de eleição, ano de mudar ou não o perfil de nossos governantes, nossos legisladores, nossos representantes no poder público, responsáveis pelo bem estar ou não da nação. Teremos que neste momento, de votar, refletir tudo da nossa avaliação com relação ao que vimos, escutamos e compreendemos da conjuntura socio-econômica da nossa terra.
2009 acredito que não foi um ano perdido. O Brasil foi destaque mundial não só por ter ganho a Copa das Confederações de Futebol e por seus récordes nas piscinas olímpicas, mas também por suas atitudes políticas, onde o presidente Lula e a Petrobras aparecem como pontas-de-lança. Muitas vezes contestado pela oposição ideológica e muitas vezes aplaudidos pelos companheiros e pelo povão, Lula destacou-se mais uma vez em 2009 e deverá continuar com este performance em 2010, quando tentará eleger sua candidata Dilma para sucedê-lo.
Na economia driblamos a crise mundial e atingimos (Brasil) patamares bons de desenvolvimento. Aos poucos os excluídos deste mundo moderno e sibernético vão ocupando espaços na sociedade civilizada. Avançamos, lentamente, mas avançamos. Os corruptos começam a ser revelados e a sociedade se organiza para exigir punição. Avançamos novamente. As quadrilhas são desmontadas (novas se formam, sabe-se) mas avanços como piso salarial razoável para policiais que cuidam (as vezes descuidam) da segurança estão sendo aprovados no Congresso Nacional. Avançamos.
Tudo é uma questão de equilíbrio administrativo e o mundo com seus tombos e mazelas acaba entendendo que melhorias de condições de vida são possíveis com o uso da inteligência e da coerência do ser humano.
A natureza também é tema que segue no ano que se inicia. Fóruns mundiais, debates, estudos, aquecimento global que preocupa e exige políticas de contenção da poluição, foram e serão assuntos constantes nas pautas. A mídia (rainha da humanidade) colabora e dá o tom dos debates, mas também promove mediocridades, está nas telinhas, eu vejo, vc vê, o mundo assiste, e isto reflete na formação de opinião popular. Todo cuidado é pouco, por isso que devemos ter uma abertura sem preconceito e captar o mais amplo leque de informações a respeito de tudo. Viva a internet!!!
Enfim, mais um ano que se esvai nas brumas do tempo. Nos resta dizer: feliz 2010. Faça tudo certinho, mas seja feliz. Viva a sua vida e não apenas a dos outros (filhos, parentes, empresas...) Fernando Pessoa já dizia: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."
Boas festas, boas férias, boa retomada de seu cotidiano, com mais experiência, mais capacitação e mais dinâmica. Encontre tempo para tudo, para os filhos, para a família, para os estudos, para observar quão bela é a natureza (voo dos pássaros, movimentos das árvores e das nuvens...) tente ser sempre um cidadão com fé em Deus e otimismo na humanidade. Mas lute por isso! Ajude a reeducar o ser ao seu lado e a vc mesmo. Queira e faça parte da harmonia.

VLADIMIR CUNHA DOS SANTOS

ANOTAÇÕES DA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE 2009


AUTOGRAFEI MEU LIVRO
A IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


Pode até parecer insignificante o assunto, mas para mim é importante demais. Das tantas palestras e conversas com autores que estou participando aqui na 55 Feira do Livro de Porto Alegre, tive o prazer de ouvir, conhecer, apertar a mão e autografar meu livro Só Poesia, ao grande nome da literatura brasileira, o paulista Ignácio de Loyola Brandão, autor de mais de 30 livros, como o magnífico Zero, traduzido para várias línguas. Loyola é romancista, contista, cronista e trabalhou nas principais revistas e jornais do Brasil. Seus romances são marcas da literatura atual e quem quiser saber mais sobre este gênio pode entrar na internet e digitar seu nome na página de pesquisa do google.
Loyola falou de sua infância pobre no interior de São Paulo, em Araraquara, de sua vivência com a mãe católica devota e do pai ferroviário que possuía em casa uma biblioteca com mais de 800 livros. Contou sobre seu avô que era marceneiro, fazia móveis no início do século XX e construiu um carrossel com cavalos de madeira e olhos de bolitas de vidros.
Falou de sua juventude e da importância de seus professores. Confessou carregar consigo sempre uma caderneta para anotações onde quer que esteja, sua paixão pelo cinema e por cadernos, e sua entrega ao computador onde escreve regularmente seus livros e uma crônica quinzenal no tradicional jornal Estado de São Paulo. Disse que nunca escreveu nenhum poema por achar muito difícil este gênero literário, preferindo sempre contar histórias.
O mediador deste encontro foi o escritor Antônio Hohlfeldt, ex-vice-governador e crítico literário. Um público seleto em torno de 80 pessoas, no Centro de Cultura Érico Veríssimo, na Rua da Praia, conheceu a simplicidade de um homem criativo e inteligente, um ícone imortal das nossas letras, que viaja pelo mundo divulgando sua obra que reflete a paisagem urbana do Brasil, principalmente São Paulo que é o seu cenário preferido e que ele adotou como sua cidade. Esta obra que fala dos homens brasileiros simples e empreendedores, registrando para a posteridade os hábitos e atitudes de cidadãos deste nosso tempo.
Este universo intelectual que a Feira do Livro de PoA proporciona é muito importante para o enriquecimento de novos autores que podem conviver com experientes escritores. Ainda participei nesta semana de encontros e bate-papos com autores como Carlos Urbim (o patrono da feira), Juremir Machado da Silva, Luiz de Miranda, Walter Galvani e tantos outros.
No domingo, dia 8, estarei na praça dos autógrafos da feira, a partir das 16:30 hs, lançando aqui meu livro Só Poesia. Nesta mesma tarde a nossa conterrânea atriz global filha de meu amigo poeta Alsom Silva, a linda Leona Cavalli, também estará autografando seu livro Caminho das Pedras, reflexões de uma atriz. Quem estiver na capital neste dia, venha curtir as atividades da feira. Vale a pena, se sua alma não é pequena.


COLETÂNEA DA CASA DO POETA RIOGRANDENSE NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

A Coletânea Casa do Poeta Riograndense -45 anos- livro que está sendo produzido pela VCS Editora, teve sua data de lançamento remarcada para dia 13 de novembro, sexta-feira, às 14 horas, no Memorial RS, na Praça da Alfândega, durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Este é o quinto livro editado pela VCS neste ano e o vigésimo título publicado pela editora rosariense que atua no setor de literatura, além de jornalístico.
A obra possui 180 páginas e tem a participação de 59 poetas de várias cidades do Rio Grande do Sul que estarão presentes em sua maioria no ato de lançamento que contará com a presença da presidente da Capori, a poetisa Ieda Cunha Cavalheiro, e do coordenador nacional da Poebras, poeta Joaquim Moncks.
Os autores rosarienses participantes desta coletânea neste ano são os poetas Vladimir Cunha Santos, Alsom Pereira da Silva, Júlio Lemos, Ruy Berriel, Ezi Assumpção, Romeu Andreazza, Darcy Flores, Eulália Pochmann e Mário Callegaro.
A solenidade será no térreo do Memorial RS, antigo prédio dos Correios, na praça central de Porto Alegre, e o editor Vladimir Cunha Santos está convidando todos rosarienses para este ato cultural na capital gaúcha.

NOTAS LITERÁRIAS NO RGS

POETA CARPINEJAR RECEBEU TROFÉU SARAU COM RITMO


A Academia de Letras e Artes de Porto Alegre realizou no Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo, mais uma atividade literária produzida pelo escritor Benedito Saldanha, presidente da Academia e da Associação Partenon Literário, a mais antiga entidade de letras do estado.
Na oportunidade foi entregue ao renomado poeta Fabrício Carpinejar o troféu Sarau com Ritmo. Foram recitados vários poemas de Carpinejar e o próprio poeta, que é filho de Carlos Nejar e Maria Carpi, dois ilustres nomes da poesia sul-riograndense, fez leitura de um de seus recentes poemas. Também aconteceu um show com o violonista uruguaio Mário Barcos que interpretou clássicos da música latino-americana e homenageou Carpinejar.
O poeta rosariense Vladimir Cunha Santos recitou sua poesia Questões, apresentou seu novo livro de poesias lançado neste ano, e, a convite do escritor Benedito Saldanha, fez a entrega do troféu ao poeta Carpinejar, juntamente com a poetisa Danci Caetano Ramos.
Vladimir Cunha, na condição de vice-presidente administrativo, representou a Casa do Poeta Riograndense em mais este evento literário na capital do estado.