segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pulgas na camisa

Jorge e Maira casaram na Igreja. Ele de terno e gravata, ela de véu e grinalda. O pai da noiva pagou a festa. Ela teve 3 namorados antes, mas este foi especial. Foram 4 anos de namoro, paixão e noivado; depois 3 anos de ilusão e exploração. Jorge saía cedo para o trabalho e voltava tarde para casa. Chegava sempre cansado e às vezes embriagado. Ele fazia sexo para saciar sua tesão e marcar presença como maridão. Ela transava para cumprir seu papel de esposa, pois a paixão tinha desaparecido no decorrer dos anos. E assim seguiam a vida e diziam que eram felizes. Tinham até carro. As panelas, eletrodomésticos, móveis, louças, lençóis, toalhas... ainda eram do enxoval. E nas férias iam na praia.
Jorge diminuiu suas sessões sexuais em casa. Estava sem tesão e perdia a paciência com Maira. E ela todos os dias lavava roupas, arrumava e limpava a casa. Fazia comida e esperava Jorge vendo suas novelas na TV de plasma.
Um dia a casa caiu. Jorge arrumou outra. Uma mulher diferente, mais louca na cama, dizia aos amigos no bar. Maira, humilhada, voltou para a casa dos pais. Chorou mas superou o episódio.Voltou a estudar. Foi trabalhar. Conheceu novas pessoas e voltou a amar. Estava vivendo novamente. Nos fins de semana ia ao parque ou viajava para a serra. Estava mais bonita que a puta do Jorge. Mas ela não queria concorrência, tinha nova pessoa em sua vida feliz.
Maira disse aos pais: vou viver com esta pessoa que estou amando! Vou me mudar. E carregou suas malas. Porém prometeu um dia apresentar a nova pessoa. O dia chegou. Maira apresentou Márcia aos familiares. Márcia era meiga, carinhosa, trabalhadora, inteligente... mas o preconceito imperou. Foram meses de assimilação pelos pais e irmãos. Viram que assim Maira era realmente feliz, seu rosto estava brilhante. Maira e Márcia, sem véu e gravata, casaram e pagaram a festa.
Jorge, com a outra, levou um chifre na testa.

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